Pouco mais de um mês se passou e toda a minha vida mudou da água pro vinho. Não ando mais nos mesmos lugares, nem sequer moro mais na mesma cidade. Não gosto mais das mesmas pessoas, não convivo mais com os mesmos amigos. Não faço mais faculdade, agora trabalho. Não sou mais uma menina, agora eu sou uma mãe. Uma mãe solteira, o que faria a maior parte das meninas enlouquecerem. Nem sequer tinha namorado, o que faz o restante das meninas enlouquecerem. Muito menos foi com o cara que amo, o que deixaria qualquer um louco. Mas pra mim está tudo bem. Sei lá, gosto da ideia de ter alguém pra amar plenamente sem precisar esperar algum retorno. Alguém a quem dedicar todas as coisas que quis dedicar a outra pessoa, mas que ninguém até agora aceitara. Alguém que vai me conhecer plenamente, que vai viver comigo todos os dias. Alguém que vai me acordar no meio da noite, alguém que vai me amar, mesmo que não o diga ou demonstre. Isso é revigorante. Não, não está tudo um mar de rosas, nem teria como estar. É tudo novo, é tudo diferente. Eu ainda desejo alguém pra amar, ainda desejo alguém pra dividir e dedicar todas as coisas que sempre quis. É claro que eu queria ter o pai do meu filho do meu lado, até criei um sentimento especial por ele depois que tudo aconteceu, mas não consigo demonstrar isso. Sinto como se fossemos completos estranhos, não consigo expressar nenhuma opinião, nossas conversas é sempre ele que fala e eu só digo "tudo bem". Porque preciso que ele saiba que pra mim está tudo bem. Não quero que ele pense que eu preciso dele ou que vou exigir algo dele por ter uma parte dele crescendo dentro de mim. A verdade é que ele faz parte de mim agora, faz parte da minha vida e daquilo que eu amo, então eu meio que o amo também. Mas isso é algo que eu não posso me preocupar agora, não agora. Tenho coisas mais importantes pra pensar e coisas mais interessantes pra decidir. É hora de rever conceitos e tomar novas decisões. Eu diria que é hora de começar a viver.
