It's me

Provavelmente eu farei alguma coisa errada daqui pra frente. De certo modo, estou acostumada a sempre fazer. Certo ou errado, sempre gostei de demonstrar aquilo que sinto e ir atrás daquilo que acredito. Ainda que, no final, eu sempre acabasse quebrando a cara.

Tenho levado uma vida de verdades, sempre indo até às últimas consequências pra conseguir aquilo que eu desejava. Desejo, a palavra mais correta. Não são sonhos que me movem, nem pretenções futuras. São os desejos. A satisfação dos desejos. A realização dos desejos. Eu me movo a base de desejos.

Não é fácil viver assim. Não é todo mundo que é capaz de viver assim. Porque desejos mudam, são inconstantes, instaveis e podem dominar você completamente. Não é todo mundo que é capaz de acordar no outro dia sem saber o que vai ser. Não é todo mundo que sabe lidar com sua própria inconstância e se manter firme diante do sofrimento que ela causa.

As pessoas que se aproximam de mim sempre provam um pouco desse sofrimento. Talvez seja por isso que, com a maturidade, eu passei a manter as pessoas o mais distante possível. Não sei lidar com expectativas, pois sei que vou quebrá-las. Eu não satisfaço expectativas, não vim ao mundo para satisfazer aquilo que esperam de mim. Eu vim ao mundo para tentar deixar algo, mesmo que isso seja incoerente com meu estilo de vida, tendo em vista que eu não construo nada. O que acabo deixando são problemas, mágoas, espaços vazios na vida das pessoas.

Eu não posso esperar que ninguém aposte todas as suas fichas para viver com alguém como eu. Tudo que posso fazer é ser clara e sincera e dizer: eu não presto. Se quiser tentar, tente. Mas lembre-se todos os dias quando acordar: eu não presto.

Você vai me destruir...

Eu sou fogo, meu corpo arde feito fogueira. Nas últimas 24hs é assim que me sinto, em chamas. O toque suave do vento no meu corpo me excita completamente. Fico imaginando que é sua respiração sobre meu corpo. Te imagino em cima de mim, entre minhas pernas, o olhar fixo, penetrante, eu, ofegante, desejando incansavelmente você dentro de mim. Tuas mãos acariciam meu rosto, você enrosca os dedos no meu cabelo e com um impulso suave você leva a minha boca até a sua. Sua lingua molhada umedecem meus lábios, preparando-os para um beijo interminável, sinto sua língua enroscar na minha, seu beijo é delicioso. Me afasto um pouco de seu rosto, te fixo, em transe ao sentir que minhas mãos estão descendo pelas suas costas e, suavemente, retiro sua cueca. Sinto você firme, pronto pra me consumir por inteiro. Volto as mãos ao seu rosto e te beijo apaixonadamente. Paro ao perceber que sua mão está dentro da minha calcinha. Você desce e sente o quanto eu estou pronta, desejando que você me penetre profundamente. Você se afasta do meu corpo, retira suavemente minha calcinha, abre minhas pernas e se põe a me observar, pulsando de tanto tesão. Você me lambe, provando o gosto da minha excitação, me deixando cada vez mais louca. Eu puxo seu cabelo, te olho com os olhos brilhando de desejo e você compreende o que eu quero, volta a se posicionar entre minhas pernas, olha fixamente nos meus olhos, encosta o seu ouvido na minha boca e me penetra. O gemido que solto te estremece, estou louca por você. Você entra e sai de mim suavemente, se umedecendo com minha excitação. Levo minha mão até sua nuca, aperto-a e imploro: mais. Você intensifica seus movimentos, eu não resisto, te imploro cada vez mais. Você obedece, louco com meus sussuros. Estamos em completa conexão. Nossos corpos seguem um movimento único, um vai e vem delicioso, estou completamente em êxtase e estouro num orgasmo com um forte gemido em seu ouvido. Você enlouquece e goza junto comigo, são os segundos mais deliciosos que compartilhamos. Você solta todo seu peso sobre meu corpo, exausto, satisfeito. Eu tento aos poucos recuperar meus sentidos. Seu coração está a mil, o meu também. Suavemente você inclina seu rosto e me observa, ofegante, tentando conter minhas emoções. Você me beija e diz: você é deliciosa, quero mais. Meu olhar te responde e, com um intenso beijo, começamos tudo outra vez. E mais outra. E mais outra. E quantas outras nossos corpos suportarem.

"Pensando em te matar... de amor, ou de dor, eu te espero,calada."

I'm yours

Parece que o cheiro de café que saia da sua boca ainda paira no ar. Sinto o peso do seu corpo sobre o meu como se ainda estivéssemos naquele quarto de hotel. Os pelos de suas pernas ainda roçam em mim. O seu suor ainda molha minha pele. E seu olho parece não sair da frente dos meus. Lembro claramente daquele tom marrom-amarelo-brilhante, surpreendentemente vidrado em mim. É tudo tão real que não consigo acreditar que tenha sido ilusão. Sua língua ainda molha a minha, o calor que saia da sua boca ainda aquece meu rosto. Foi real, eu sei que foi real! Aquele olhar surpreso ao me ver, aqueles três passos em direção a mim, aquele abraço apertado, aquela velha pergunta "você está bem?"; tudo existiu! Eu não criei, eu não inventei algo por estar passando por um momento de pressão, não deixou de existir com o passar do tempo. São quatro meses
sentindo o mesmo a cada dia. Pensando em você a cada minuto. Esperando uma resposta sua a cada segundo. Eu posso ter inventado o seu amor, mas o meu amor é real.




Ouvindo: Jason Mars - I'm yours

III

Meu efeito ou defeito
feitiço bem feito
feito de viço.

Nunca desisto.

Atiço, atiro-me!
Devoro-te sem decifrar-te.

Com ou sem cifras
desfruto-te todo descartável.

Entre afável e desagradável
infalível e inefável
fálico, faço-me de dentro
e desdobro-me em mil em ti
descobrindo de ti em mim.

Enfim
mais faca que fada
mais lâmina que ânima
Assim.

...

V

O primeiro pecado
é olhar.
O olho cobiça a isca.

- Antes viver os meus medos, atrevendo-me!
Capturo o que me incita, excita
e preso sou do meu desejo.
Capturado e emergido
levado a outro ambiente.

Esquartejado em público.
- E antes pecar que negar a mim mesmo!
O segundo pecado
é gostar.

CAIS DO PORTO

(que o autor me perdoe a ousadia, mas precisava compartilhar)

Alguém ao lado

São exatamente 1:39 da madrugada. Ele dorme ao meu lado, quem é? Nem sei. É estranho pensar que se pode construir uma vida em pouco tempo. Mais estranho ainda pensar que vidas são destruídas em questões de segundos. A verdade é que a gente se apega as coisas numa intensidade tão superficial, que a gente só lembra de criar raízes quando já perdeu. E pensa no que não se viveu, lamenta o que não se aproveitou ao máximo, sofre pelo que não fez e clama, incansavelmente, por uma resposta lógica para o fim.

O fim é o fim, isso basta. Não se precisa de razões, não se precisa de motivos. O que importa é quem está aqui, ao meu lado. É quem clama por atenção e carinho. É quem esquenta meus lençóis enquanto eu, erroneamente, me recordo de calorosos abraços, de grandiosas promessas, de contos de fadas transformados em filmes de terror sem finais felizes. E eu fico aqui, noite após noite, mudando a cara de quem divido meu suor, mas permanecendo, em minha mente, aquele que um dia me prometeu o céu e nunca mais voltou.

For K. 

Isso não é uma história de amor

E nem eu ousaria dizer que é. É uma história de amizade, sexo e cumplicidade. Uma história de segredos e mentiras ditas a outrem. É um complô. Duas pessoas que decidiram compartilhar seus lençóis, mas não suas vidas. Duas pessoas de vidas completamente opostas, rumos incertos e em mudança constante. A constância das mudanças é a única garantia que ambas tem. Ele tem outra. Ela tem outra vida pra cuidar. Ele mente pra outra pra se encontrar com ela. Ela mente pra mãe pra se encontrar com ele. Eles não se separam. Até quando estão distantes, estão juntos. Eles não ficam juntos, até quando estão juntos, estão separados. Suas vidas não se encaixam. Seus corpos, seus gostos, suas manias, sim. Tudo se une em uma completa sintonia. Mas a vida segue rumos diferentes. Ele escolheu ser do mundo. Ela escolheu doar seu mundo pra alguém. Ele espera algo que não sabe o que é. Ela espera algo que não sabe a dimensão do que vai passar a ser. Então eles seguem, juntos e separados, amantes e amigos, cúmplices e o que mais vir a ser. Porque a vida é curta demais pra esperar a hora certa, então vamos seguindo feito errantes, escondidos, nos 

amando madrugada a fora. Um dia acaba. Ou já acabou. Quem sabe?

Eu escolhi ficar

Eles aparecem as vezes pra me visitar. Sei que o que eles procuram na verdade é comida, mas gosto de relações assim. O interesse existe, mas a honestidade também. E também tem a lealdade. Eles sempre vem. Eu sei que vão vir. Podem demorar uma semana ou duas, um mês até, mas eles sempre retornam. As vezes vem apenas um ou dois, hoje vieram muitos. Cada um deles possui uma característica diferente. Um é mais audacioso, vem buscar o pedaço de pão e fica me olhando, como se soubesse que eu não vou machucá-lo. Outros gostam de pegar e ficar comendo mais de longe, evitando qualquer possibilidade de contato físico comigo. As fêmeas, carregando os filhotes nas costas, nem ousam chegar perto. Uma hoje até tentou. Deixou os dois filhotes em cima do galho da árvore e pensou em vir pegar um pedaço de pão, mas desistiu ao ver que eu estava perto demais. Eu gosto deles pela simplicidade que carregam no olhar, pela liberdade de ir e vir, sem se prender a um local ou a alguém. Eu gostaria de ser assim, pegar apenas aquilo que eu quero e ficar apenas o tempo necessário pra me manter satisfeita. Ir embora sem rancor ou peso na consciência. Ir porque já está tarde, já é escuro e porque a vida segue seu rumo, não há motivos pra querer ficar. Mas as vezes é tão bom, que você quer ficar uma hora ou duas a mais do que o combinado. É tão seguro, que você deseja nunca perder. Mas ao mesmo tempo é tudo tão vulnerável, que quanto mais você quer ficar, mais te pedem pra ir. Seja com palavras ou com ações. O importante é se permitir viver. Mesmo uma vida dividida com outra pessoa, ainda assim é uma vida boa e agradável. Não há porquê dizer não, há? Na verdade há... Eu não posso ir mais. Eu não quero ir mais. Essa minha vontade de me prender a alguém está me torturando. Tenho uma vida crescendo em mim e nada é tão valioso. Não posso me largar no mundo atrás de alguém que divide sua cama com outro alguém. Sei que sempre haverá um espaço pra mim naquele colchão. Sei que sempre existirão momentos felizes naquele apartamento. Por mais que ela diga que não, ele sempre me diz sim. Mas não quero um meio sim. Na verdade, não quero sim nenhum. Não quero nenhum motivo pra sentir vontade de ir embora daqui. Sou como a fêmea que vi hoje. Carrego meus filhotes nas costas e não ousarei deixá-los pra trás. Nem mesmo por um segundo, muito menos por algo tão arriscado assim. Eu ficarei aqui e cuidarei de meus filhotes, como qualquer boa mãe que ame seus filhos faria. Quem quiser um pouco de mim, que venha buscar.